Estratégia: os desafios de pensar e executar
Nas empresas o “general” é o corpo diretivo, nas MPE’s geralmente o empreendedor, o dono, sozinho tem essa responsabilidade sobre as decisões e cursos que a empresa irá tomar, tais decisões dizem respeito não somente ao amanhã, mas também as implicações profundas nos próximos meses e anos. O que confunde muita gente é que, via-de-regra, o empresário também é responsável pela parte operacional, por fazer a empresa funcionar no dia-a-dia, logo essa distinção entre operações e estratégia é difícil de fazer mesmo para acadêmicos, e quando se trata de ‘executores’ essa confusão piora e muito.
“Guerreiros vitoriosos vencem primeiro, depois vão à guerra, perdedores vão à guerra primeiro e depois buscam vencê-la.” Shun Tzu
A estratégia é responsável por elaborar planos de longo prazo e encontrar maneiras, ações de curto e médio período, para colocar o planejamento em prática. Além disso é de responsabilidade da estratégia acompanhar a evolução dos chamados ‘indicadores’ para certificasse de que a organização está, de fato, caminhando para onde planejou.
É sabido que administradores profissionais e em especial empreendedores de MPE’s, se preocupam muito mais com as operações com o dia-a-dia, e acabam deixando de lado a estratégia e seus desdobramentos táticos. A estratégia fica para ‘amanhã’, para ‘o futuro’, para quando houver tempo. Hoje sempre há algo mais urgente a ser feito, um problema mais sério a ser resolvido e essa analise acaba acontecendo nunca.
As consequências de se relegar o futuro à sorte são muitas. Operações bem sucedidas mantém a empresa funcionando até que o ambiente, interno ou externo, mude. Lembre dos taxistas no Brasil e no mundo e como eles estão desesperados com o Uber? Ou da Nokia, líder absoluta de mercado, com operações praticamente perfeitas até que algo diferente, o primeiro iPhone surgiu. Ou mesmo das empreiteiras hoje envolvidas nos escândalos de corrupção, até poucos meses consideradas colossos do capitalismo brasileiro. Mudanças no ambiente, que poderiam e deveriam ter sido previstas e foram ignoradas, acabaram por ter consequências profundas no futuro das empresas e, talvez mais importante, nas vidas dos seus sócios.
Pensar de maneira estratégica e executar o planejamento ajuda a prevenir problemas e criar soluções baseadas nos cenários possíveis. A estratégia baseia-se em buscar compreender: o que a organização é e o que ela quer ser daqui a determinado tempo (geralmente de 5-7 anos, mas com variações de horizonte temporal), a quem quer servir e como será o futuro.
Prever o futuro é impossível, mas criar os ditos ‘cenários’ é possível e muito válido. Para tanto deve-se avaliar a situação atual do ambiente e da empresa e acompanhar continuamente as mudanças internas e externas. Seguido disso as ações operacionais e táticas que irão executar a estratégia devem ser revistas periodicamente para adequação.
Pensar de maneira estratégica é muito incômodo.
Empreendedores, em geral, fogem desse tipo de ideia, pois ela os obriga a tomar pé da realidade, a controlar seus gastos a investir em melhorias, a cobrar primeiro de si e depois de seus empregados a reconhecer que o modo “sempre fiz assim e sempre funcionou” está errado. É uma guerra contra o próprio ego, questão de Psicólogo mesmo. Pensar de maneira estratégica exige um exercício de auto-conhecimento que muitos empresários não estão preparados para fazer e que, na maioria das vezes, os coloca em situações de decisão muito mais importantes do que “comprar o produto X, que vai faltar no mês que vem”.
No artigo anterior escrevi que poucas coisas são mais prazerosas e importantes do que ter a capacidade de decidir. Planejar de maneira estratégica é usar essa capacidade de escolha de maneira muito especial, é buscar criar o futuro a partir do hoje. A mudança de atitude dos que detém o poder é certamente o primeiro passo para isso.”