Sobre condenar sem julgar

Ataques terroristas perpetrados por cidadãos já conhecidos das forças de ordem trazem à tona a discussão: ‘não deveriam ser esses cidadão, que já foram investigados tantas vezes, terem suas liberdades ao menos um pouco cerceadas?’

Já escutei advogados dizerem que sim (!!!).

Presume-se, então, que o cidadão investigado é culpado até que prove o contrário, sua pena será mais branda, mas não importa, é culpado.

Dobrar a lei de acordo com a conveniência temporária é muito perigoso.

Hoje o alvo é ‘um investigado por terrorismo’ e amanhã? Será que não poderá ser um ‘agitador social’? Um ‘blogueiro de direita’? As consequências potenciais são catastróficas.

  • A conversa entre Thomas More e seu genro, retirada do livro “A Man For All Seasons”:

    Roper: “Mas você está dando ao Diabo o benefício da lei!”
    More: “Claro que sim! O que você faria? Um atalho na lei para pegá-lo?”
    Roper: “Sim! Eu rasgaria todas as leis do mundo para acabar com o Diabo”
    More: “E, estando todas as leis ao chão e o Diabo então se voltar contra você, onde estaria o seu refúgio, Roper?”

O diabo, até ele, deve ter o benefício da lei.

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