Dinheiro também custa
Leio aqui que na Dinamarca existe um projeto de lei que permitirá ao comerciante recusar papel moeda no pagamento de produtos e serviços, impensável no Brasil.
A possibilidade é vista com entusiasmo pela Câmera de Comércio. A Finansradet, uma associação que reúne indústria e finanças por lá afirma que o procedimento diminuiria para os comerciantes os custos ligados à segurança e à transferência de dinheiro físico.
Ao mesmo tempo a moeda virtual facilita os controles do governo quanto ao gastos dos cidadãos, se o dinheiro físico desaparece, basta para o governo controlar os bancos e é possível conhecer toda a vida pregressa de determinada pessoa. Na era do big data isso pode salvar muitas vidas (pense no financiamento a atentados terroristas), mas também traz muitas dúvidas sobre a transformação da governo no big-brother visto em 1984 de George Orwell.
Na Noruega existe a possibilidade que o dinheiro físico desapareça totalmente até 2020. No mínimo intrigante.
Os países nórdicos são líderes mundiais em pagamentos inovadores, na Finlândia o Bitcoin é reconhecido pelo governo, a Suécia também recebe bem essas novidades.
Na Dinamarca mais de 30% da população já usa MobilePay, um aplicativo oficial do Danke Bank para efetuar transações em proximidade diretamente do celular, usando um chip NFC.
As implicações do desaparecimento do dinheiro físico seriam enormes, nas culturas nórdicas, bastante acostumadas a não sonegar impostos – por isso também o welfare state dessa região do mundo é tido como modelo ideal por muitos social-democratas. A solução pode funcionar bem na Escandinávia, mas em países mais acostumados à liberdade, como os EUA, ou menos propensos a pagar impostos, como nos países latinos (Itália, Brasil, Portugal), as dificuldades seriam enormes.