Estudo de caso: critérios

Todo método, para se dizer científico, precisa transparecer credibilidade.

Em métodos quantitativos isso é relativamente fácil, tu explicas tudo que foi feito para chegar aos dados e aos resultados, como, em geral, os métodos estatísticos/matemáticos são objetivos, se tornam bastante conhecidos e, relativamente fáceis, de reproduzir.

Quando se trata de métodos qualitativos, porém, o buraco é mais em baixo.

Estudos de caso são comumente usados por algumas das maiores cabeças em administração, Drucker e Porter, por exemplo, são adeptos dessa abordagem.

Porém, para que o estudo tenha confiabilidade científica, é preciso que responda a dois critérios que, segundo Costa et al. (2013) são:

Confiabilidade:

Refere-se ao grau de reprodução de um mesmo resultado a partir da aplicação repetida do mesmo instrumento de pesquisa, sob as mesmas condições, dadas como constantes. Os estudos de caso não podem reclamar confiabilidade no sentido comumente aceito, pois não há como reproduzir um fenômeno, sob condições constantes, de forma que o observador registre as mesmas informações (o fenômeno não será mais o mesmo, nem o observador). Mesmo os eventos que podem ser observados novamente não possuirão as mesmas características outra vez. De fato, no método de estudo de caso são precisamente as diferentes formas que um fenômeno ocorre que tornam-se usualmente relevantes para o propósito da observação. Entretanto, duas das maiores vantagens deste método não são compatíveis com a noção comum de confiabilidade. São elas: 1) o valor particular do estudo observacional, quando o observador percebe o que outros tinham ignorado; e 2) as relações pessoais entre o investigador e as pessoas estudadas que fornecem dados essenciais para o entendimento do processo.

E Validade:

Refere-se ao grau no qual o pesquisador tem investigado o que ele se propôs a investigar. A validade é uma questão preocupante na medida em que o método de estudo de caso baseia-se em entendimentos subjetivos. O observador pode ser levado a “ver” apenas fatos que estão de acordo com suas hipóteses implícitas ou explícitas. Este tipo de viés ocorre de várias maneiras. O investigador que interage com aqueles a quem estuda em bases de longo prazo acaba por firmar laços de amizade, lealdade e obrigação, e deixar que sua visão dos fatos seja desfocada por tais sentimentos.

Para reduzir o problema de interpretação, pode-se buscar diferentes subterfúgios, por exemplo, exigindo vários tipos de evidência para uma mesma interpretação, as “interpretações são conferidas e validadas por comparações de diferentes tipos de evidências” Também é possível elaborar um relatório completo, apresentando tudo (todos os eventos, etc.) que foram observados.

Na minha opinião, os estudos de caso são muito relevantes para aprender (e por que não, criar) os conceitos que depois, poderão, com muito cuidado e muitas ressalvas, ser ‘testados’ usando métodos quantitativos. Isso é especialmente válido em administração.

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