A tirania das métricas
Parece que virou certeza o dito “O que não se mede, não se administra”.
Isso tem reflexos perversos nas ciências, pior ainda nas ciências sociais, é disso que trata o livro de Jerry Z. Mueller: The Tyranny of Metrics de 2018, na página 25 ele aponta os três componentes dessa fixação:
- Acreditar que é possível e desejável trocar o julgamento adquirido por experiência e talento por indicadores numéricos de performance comparada com base em dados padronizados (métricas);
- Acreditar que fazer com que tais métricas sejam públicas (transparência) assegura que as instituições estão, de fato, fazendo o seu trabalho (accountability);
- Acreditar que a melhor maneira de motivar as pessoas nessas organizações é atrelar benefícios (monetários ou reputacionais) e punições à medição de sua performance.
Para quem está na academia em ciências sociais aplicadas, como eu isso é absurdamente visível. Em Administração e suas disciplinas derivadas/irmãs, é praticamente impossível se comunicar com os pares sem usar modelos estatísticos matemáticos, perde-se, cada vez mais, a capacidade de raciocinar sobre as causas e efeitos e a ‘ciência’ (economia, administração, finanças, etc.) se torna um simulacro, muito mal feito, da física.