Incentivos são importantes

No final do século 18 a Inglaterra começou a mandar condenados para a Austrália, mais ou menos como Portugal fazia com o Brasil. O transporte era privado e financiado com dinheiro público. Muitos condenados morriam no caminho, doenças, superlotação, nutrição ruim e tratamento médico inexistente eram algumas das causas. Entre 1790 e 1792, 12% dos que viajaram morreram, num navio 37% morreram. Os ingleses ficaram chocados, eles não queriam que a sentença fosse de morte, então pensaram em soluções para reduzir o problema.

Como fazer com que o capitão tivesse mais interesse na vida da sua ‘carga’?

Convencer o capitão a tratar as pessoas melhor, dando palestras e etc.? Colocar clérigos nos barcos para defenderem os prisioneiros dos maus tratos? Fazer com que o capitão usasse o dinheiro para tratar melhor os viajantes?

A Inglaterra teve uma outra idéia: o governo decidiu pagar ao capitão um bônus por homem que chegasse vivo à Austrália. A mortalidade praticamente acabou. Em 1793, nos primeiros navios sob essas novas regras, só um entre 322 transportados morreu.

Eu não acredito que os capitães tenham ficado bonzinhos de uma hora para outra, eles eram as mesmas pessoas, mas as novas regras os incentivaram a agir como se eles se importassem com ‘a mercadoria’, ou seja, a mudança nas regras alinhou o interesse do capitão ao interesse dos contratantes e dos condenados. A partir do momento que este últimos eram mais valiosos vivos do que mortos a coisa mudou de figura. Os capitães responderam aos incentivos.

Como diz o Russ Roberts: incentives matter. Inspirado aqui.

E como disse uma vez o Fridman, não adianta querer escolher políticos competentes, temos mesmo é que criar um sistema que mesmo os políticos incompetentes se vejam obrigados a trabalhar corretamente.

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