O Discurso de Hayek no jantar de gala do Nobel
O Mises Brasil tem a tradução do discurso que o F. A. Hayek proferiu ao receber o Nobel de Economia em 1974.
E ele é sensacional.
Mas o discurso que traduzo não é esse, é o discurso feito no jantar de gala do prêmio no mesmo ano, bem mais curto e não menos esclarecedor.
Sua Majestade, sua Alteza Real, senhoras e senhores.
Agora que o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas foi criado, não é possível não ficar profundamente agradecido por ter sido escolhido como um de seus recebedores, e os economistas certamente tem razões para serem agradecidos ao Swedish Riksbank, por esta instituição ter a matéria de estudo deles como digna de tão alta honraria.
Porém eu devo confessar que se tivesse sido consultado sobre o estabelecimento ou não de um Prêmio Nobel de economia, eu certamente teria sido decididamente contrário.
Uma razão é que eu temeria que tal prêmio, assim como creio que ocorra com atividades de algumas das grandes fundações científicas, tenderia a acentuar as tendências em direção a certos modismos científicos.
Tal apreensão foi brilhantemente refutada pelo comitê científico quando deu o prêmio a alguém das quais as ideias são tão foras da moda quanto as minhas.
Porém, eu não me sinto tão seguro quanto à minha segunda causa de apreensão.
Que é a de que o Prêmio Nobel confere a um indivíduo uma autoridade que, em economia, nenhum homem é capaz de possuir.
Isso não importa nas ciências naturais. Nelas a influência de um indivíduo é uma influência sobre outros especialistas tais quais ele; e eles logo irão coloca-lo em seu devido lugar se ele começar a ir além de suas competências.
Mas a influência mais importante de um economista é aquela sobre os leigos: políticos, jornalistas, trabalhadores e o público em geral.
Não há razão pela qual um homem que contribuiu de forma distinta para a ciência econômica deva ser considerado supercompetente em todos os problemas da sociedade – como a imprensa tende a trata-los e como, no final das contas, eles podem ser persuadidos a acreditar.
Às vezes eles sentem como se fosse uma obrigação pública de tomarem posição sobre problemas para os quais nunca deram a devida atenção.
Eu não estou certo que seja desejável fortalecer a influência de poucos economistas através de um reconhecimento tão vistoso e cerimonial, conseguido às vezes num passado distante.
Eu, portanto, me sinto quase que inclinado a sugerir que vocês imponham aos vencedores do prêmio um juramento de humildade, parecido com o juramento de Hipócrates, nunca pronunciar-se publicamente além dos limites de sua competência.
Ou vocês poderiam, ao menos, ao dar o prêmio, lembrar ao laureado deste sábio conselho de um dos grandes homens na nossa matéria, Alfred Marshall, que escreveu:
“Estudantes de Ciências Sociais devem temer a aprovação pública: O Mal está com eles quando todos os homens falam bem deles “.
Uma ode à humildade.
O original está aqui.