Sobre o referendo italiano

Texto inspirado no “On the Italian referendum” do Alberto Mingardi no Econlib

Recentemente a Itália passou por um referendo constitucional no qual o Primeiro Ministro, Matteo Renzi foi derrotado. Após a derrota, Renzi anunciou que pretendia deixar a liderança.

A participação foi alta, 68,5% dos italianos votaram, o “não” venceu com 59% dos votos válidos.

O que está acontecendo:

  1. O Parlamento aprovou uma nova eleitoral para a Câmara, a lei do senado ficou para ser aprovada pelo referendo popular, foi rejeitada, a ideia era que o senado fosse eleito indiretamente, o que foi rejeitado;
  2. Por conta disso, agora existem duas leis eleitorais diferentes em vigor, uma para o senado e uma para a câmara, não é possível ir às urnas desse jeito;
  3. O presidente da república já pediu à Renzi que não deixe o governo, não há ninguém a ser apontado, segundo ele;
  4. Caso Renzi saia, a solução seria apontar um novo PM e fazer com que ele tentasse uma aprovar uma nova lei para depois sim ir ao voto;
  5. Um problema grande é que o “não” que ganhou, não é uma coalizão plausível, o voto pelo não veio de todos os “não-Renzi”, fora os quase dez milhões que votaram sim, os outros 15 não tem um líder nem mesmo uma agenda;
  6. Beppe Grillo (um ex-comediante) e Berlusconi são dois dos ‘líderes’ do não, mas não se entendem em praticamente nada, Grillo quer uma eleição rápido, acha que pode vencer, Berlusconi, desgastado, prefere trabalhar politicamente junto a Renzi;
  7. Existe uma provável crise bancária na Itália, muitos títulos podres e muita insolvência envolvida, uma bucha para o governo que estiver no poder;
  8. A saída da zona Euro é muitíssimo improvável, sem a Itália a moeda comum é praticamente impensável e não há clima ou capacidade política para tanto;
  9. Muitos dizem que o referendo é a prova de que reformas na Itália são impossíveis e que é a hora e a vez do populismo, mas a reforma proposta não era assim tão decisiva para a economia do país, apesar de falar contra o populismo de Grillo, Renzi teve uma atitude leniente quanto ao gasto público e chegou a ventilar a flexibilidade conta a austeridade europeia, o ‘não’ foi a demonstração de que as ações de Renzi não surtiram efeito nas pessoas;
  10. Renzi é mais um de uma série de reformistas que a Itália busca nos últimos 20-30 anos, nenhuma das vezes funcionou.

O futuro da Itália ainda é muito incerto, assim como o da Europa.

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