Sobre o referendo italiano
Texto inspirado no “On the Italian referendum” do Alberto Mingardi no Econlib
Recentemente a Itália passou por um referendo constitucional no qual o Primeiro Ministro, Matteo Renzi foi derrotado. Após a derrota, Renzi anunciou que pretendia deixar a liderança.
A participação foi alta, 68,5% dos italianos votaram, o “não” venceu com 59% dos votos válidos.
O que está acontecendo:
- O Parlamento aprovou uma nova eleitoral para a Câmara, a lei do senado ficou para ser aprovada pelo referendo popular, foi rejeitada, a ideia era que o senado fosse eleito indiretamente, o que foi rejeitado;
- Por conta disso, agora existem duas leis eleitorais diferentes em vigor, uma para o senado e uma para a câmara, não é possível ir às urnas desse jeito;
- O presidente da república já pediu à Renzi que não deixe o governo, não há ninguém a ser apontado, segundo ele;
- Caso Renzi saia, a solução seria apontar um novo PM e fazer com que ele tentasse uma aprovar uma nova lei para depois sim ir ao voto;
- Um problema grande é que o “não” que ganhou, não é uma coalizão plausível, o voto pelo não veio de todos os “não-Renzi”, fora os quase dez milhões que votaram sim, os outros 15 não tem um líder nem mesmo uma agenda;
- Beppe Grillo (um ex-comediante) e Berlusconi são dois dos ‘líderes’ do não, mas não se entendem em praticamente nada, Grillo quer uma eleição rápido, acha que pode vencer, Berlusconi, desgastado, prefere trabalhar politicamente junto a Renzi;
- Existe uma provável crise bancária na Itália, muitos títulos podres e muita insolvência envolvida, uma bucha para o governo que estiver no poder;
- A saída da zona Euro é muitíssimo improvável, sem a Itália a moeda comum é praticamente impensável e não há clima ou capacidade política para tanto;
- Muitos dizem que o referendo é a prova de que reformas na Itália são impossíveis e que é a hora e a vez do populismo, mas a reforma proposta não era assim tão decisiva para a economia do país, apesar de falar contra o populismo de Grillo, Renzi teve uma atitude leniente quanto ao gasto público e chegou a ventilar a flexibilidade conta a austeridade europeia, o ‘não’ foi a demonstração de que as ações de Renzi não surtiram efeito nas pessoas;
- Renzi é mais um de uma série de reformistas que a Itália busca nos últimos 20-30 anos, nenhuma das vezes funcionou.
O futuro da Itália ainda é muito incerto, assim como o da Europa.