Contabilidade versus causalidade

Muita gente, economistas inclusive, usam a fórmula do PIB para derivar conclusões absolutamente erradas sobre ‘causas’, por exemplo: na atual crise, alguns defensores do ‘estímulo’ e pessoas contrárias à PEC 55 que visa limitar gastos do governo, argumentam que um aumento no gasto governamental em qualquer área obviamente aumentará o PIB. (esqueça por um minuto que o PIB é um valor agregado e que o seu crescimento NÃO significa melhoria de vida de todos naquela região).

PIB = C + I + G + (X – M) – aqui uma explicação mais detalhada sobre o PIB.

Usando álgebra elementar é fácil perceber que se o G (gasto do governo) aumenta, o PIB terá necessariamente que aumentar. “Afinal, G aumenta o PIB, é óbvio!”. Clamam.

MAS.

E esse é um grande MAS.

A fórmula, que se encontra em qualquer livro comum de macroeconomia, não significa que um aumento de, digamos, 100 bilhões no gasto do governo irá aumentar 100 bilhões no PIB, mas como?

A fórmula aceita qualquer coisa, o aumento do G pode causar aumento do PIB, mas também pode ser que não cause, e é possível argumentar que isso irá ocorrer na maioria das vezes.

Em geral, o aumento dos gastos do governo causa uma diminuição no consumo das pessoas (C), e no Investimento das empresas (I), nesse caso o PIB não seria afetado diretamente (esqueça também o problema da má alocação de recursos por parte do governo, por favor). Num caso como esse, consumo e investimento diminuem, pois o governo tem que tirar dinheiro de algum lugar, se não for via empréstimo ou inflação, será através de tributação.

A questão central é: será que o governo gasta melhor do que as pessoas e empresas?

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